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Motta anuncia Derrite como relator de projeto antifacção apresentado pelo governo

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta sexta-feira (7) o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto antifacção,...

Motta anuncia Derrite como relator de projeto antifacção apresentado pelo governo
Motta anuncia Derrite como relator de projeto antifacção apresentado pelo governo (Foto: Reprodução)

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta sexta-feira (7) o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto antifacção, apresentado pelo governo após a megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. Projeto antifacção chega à Câmara dos Deputados Derrite era Secretário de Segurança Pública de São Paulo até a última quarta-feira (5). Ele estava afastado do mandato e já retomou a cadeira para poder relatar a proposta no plenário. Havia a expectativa de que Derrite assumisse a relatoria de outro projeto, o que equipara facções criminosas a organizações terroristas, mas Motta tem dito a aliados que não quer polarizar o tema.  A proposta é polêmica porque abre espaço para intervenções estrangeiras no país e opôs governistas e opositores na Câmara. O texto chegou a ser colocado na pauta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara esta semana, mas teve a votação adiada. CCJ da Câmara adia votação de projeto que equipara facções criminosas a grupos terroristas Marco Legal do Combate ao Crime Organizado A expectativa é que o Marco Legal do Combate ao Crime Organizado já seja votado na próxima semana, "A Câmara se sente na obrigação de melhorar a proposta enviada pelo governo federal e fazer uma coisa mais abrangente, uma atuação mais positiva e firme para dar condições ao poder Judiciário e forças de segurança atuarem", disse o presidente da Câmara em entrevista à TV Globo. "A ideia é poder aproveitar algumas das boas propostas trazidas pelo governo federal, mas, além disso, agregar uma nova legislação que possa trazer mudanças no Código Penal, Lei Antiterrorismo, Lei de Crimes Hediondos", completou. Motta negou que o crime organizado será equiparado ao terrorismo. "Temos um cuidado grande de não colocar a soberania nacional em risco com a aprovação de leis. Por isso o cuidado de endurecer as penas e agregar novos mecanismos, mas sem colocar em risco a soberania nacional. A palavra terrorismo abre margem para que essa interpretação seja feita", concluiu. Escolha Hugo Motta é próximo de Derrite e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também do Republicanos. Mas, segundo seus aliados, o presidente da Câmara não queria tomar uma decisão sem antes ouvir outros atores políticos. O deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) será o relator do projeto. Reprodução/TV TEM Nesta quinta-feira (6), Motta esteve com o presidente Lula, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Motta afirmou esta semana que pretende “enfrentar a agenda” de projeto que visam combater as organizações criminosas na próxima semana. A Casa pode analisar o projeto em regime semipresencial, quando deputados podem votar por aplicativo. A flexibilização foi permitida pelo presidente da Câmara em razão da COP 30, que está sendo realizada em Belém. Reação O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias, criticou a escolha de Derrite para a relatoria, que chamou de "desrespeito com o presidente Lula". "O projeto de lei antifacção é uma prioridade do governo Lula e colocar nas mãos do secretário de segurança do governador Tarcísio beira uma provocação. Parece um interesse deliberado de não aprovar e de atrapalhar a tramitação da pauta prioritária do governo na área de segurança pública", afirmou em uma rede social. Motta defendeu a escolha do relator e disse que o deputado do PP tem conhecimento sobre o assunto. "É alguém que trata do assunto há 20 anos, é secretário de segurança pública. Ele tem sim a obrigação de não politizar o debate", disse. Alterações Após o anúncio, o relator anunciou em uma rede social que faria alterações ao texto enviado pelo governo federal, incluindo: Previsão de pena de 20 a 40 anos para condutas cometidas por membros de organizações criminosas, como domínio de cidades, novo cangaço, ataques a carros fortes, instalação de barricadas, ataques a presídios, dentre outros; Obrigatoriedade de cumprimento de pena em presídio de segurança máxima aos líderes das organizações criminosas; Vedação à concessão de anistia, graça, indulto, liberdade condicional e corte do auxílio reclusão de familiares de pessoas que cometam estes crimes; e Aumento da progressão de regime – ou seja, o cumprimento necessário da pena para benefícios como regime semiaberto – de 40% para pelo menos 70%. O projeto original A proposta antifacção foi apresentada pelo governo com pedido de urgência na semana passada. Veja os principais pontos do projeto de lei antifacção, que prevê até 30 anos para crimes de organização criminosa O texto cria a figura da “organização criminosa qualificada” com pena de 8 a 15 anos de prisão para quem agir com o objetivo de controle territorial ou de atividades financeiras mediante o uso de violência, coação, ameaça ou outro meio intimidatório. Se for cometido um homicídio em nome da facção, a pena aplicada ao condenado será de 12 a 30 anos de prisão. A proposta cria um agravante, permitindo aumento de pena da metade até o dobro, para chefes de organizações criminosas. Também se tornam agravantes, conforme o texto, com hipóteses de aumento de dois terços ao dobro da pena se houver: participação de criança ou adolescente; concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal; destinação do produto ou proveito da infração penal, no todo ou em parte, ao exterior; evidências de que a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; circunstância de fato que evidencie a transnacionalidade da organização; VI - emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido; e uso de explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum. Investigação A proposta também amplia as ferramentas legais para a responsabilização de integrantes de facções. O projeto facilita o uso de técnicas de investigação, com a possibilidade de infiltração de policiais e de colaboradores em facções. Além disso, o projeto prevê que os juízes possam determinar que provedores de internet, telefonia e empresas de tecnologia viabilizem acesso a dados de geolocalização em casos de ameaça à vida ou integridade de pessoas. Também poderão ser solicitados os registros de compras e pagamentos feitos por investigados em estabelecimentos comerciais, empresas de comércio eletrônico, operadoras de cartão de crédito, e plataformas de pagamento digital. O projeto ainda autoriza que o Poder Executivo crie um Banco Nacional de Facções Criminosas.